São Paulo, 21 de
setembro de 2013 - 23:33
Querido Verme,
Quando eu abri os olhos
o quarto estava laranja, como todo sábado e domingo. Uma paz me batia, assim
como essa estranha ternura que formiga singela em meu coração esses últimos
dias. Estava sol.
Hoje é o grande dia.
Estou nervosa.
E feliz também; minhas mãos
formigam, como se estive me preparando igual há 5513 anos trás para minha caça;
é mais um leão, que furarei com a lança.
Estou feliz; essa é a
primeira vez que me apresento depois de quase 2 anos completos, com o “Vestido
Azul”. Aquele dia foi todo azul, mas olha esse, começou laranja!
Arrumei-me e fui falar
com o Caio:
Jéssica Monteiro - Você
vai ao ensaio as 15:00??
Caio Bonifacio - Não sei
se vai dar
Jéssica Monteiro - Ah
tudo bem , desculpe Caio eu já to indo porque eu tenho
que estar lá cedo. De qualquer forma obrigado. Deseje-me merda ou que eu quebre
a perna.
XOXO
Caio Bonifacio - Merda,
muita merda.
Caio é um caralho mesmo.
Mas tudo bem, não fiquei magoada.Neste momento o que importa é Carol e os
outros.
Falando em Carol, liguei
para ela a amanhã inteira. Deve estar dormindo, mas eu sei que ela vai... Ela
nunca perdeu nenhuma apresentação minha dês do pré-zinho, querido Verme.
Peguei o ônibus, depois
o metrô e cheguei na Tiradentes e encontrei o pessoal.
A apresentação era na
sala que parece a caixa de Skinner. É bom, entretanto não gosto dela; sinto-me
um verdadeiro rato de laboratório; Mas hoje até que aquela sala parecia estar
mais acolhedora, menos intimidadora.
Houve uma pequena
discussão sobre qual exercício iríamos apresentar ao publico. A ideia inicial era
que colocássemos transformação do personagem através da música, mas era um
pouco intimidador. Então, debatemos
sobre a ideia de ser o exercício de andar no espaço, pega-pega do louco ou o
coelho mandou entregar uma carta. Depois de algum tempo de discussão e votação,
decidimos e o publico iria escolher qual dos exercícios nós faríamos.
Arrumamos as cadeiras
para o público como se aprontássemos uma festa.
A primeira pessoa a
chegar foi a Amanda, amiga da Bianca.
Estranho. Geralmente era
o meu amigo que chegava primeiro em as minhas apresentações e sentava na
primeira fila. Carol ainda não tinha chegado, mas era de se esperar. Ela sempre
se atrasa, mesmo em suas próprias apresentações no teatro.
Chegaram mais duas
amigas da Bianca. Depois chegou a Tamires, a namorada da Bianca Campos e o Jairo; também
estava lá a professora de sociologia da Bianca. Enquanto chegavam as 120
pessoas que convidamos, Jonathas, Yara e Daniel ensaiavam, e eu dava uma lida
nas falas. Embora tivesse ensaia muito em casa, estava incerta na primeira e na
segunda parte da terapia em grupo.
Depois de um tempo,
resolvemos começar. Com seis pessoas. Com dois lugares vagos.
Perguntamos ao publico
qual era o exercício que eles queriam que fizéssemos. A maioria quis que andássemos
pelo espaço. Colocamos música. No fim, foi parecido com a primeira proposta, mas
não intimidador. Foi à parte mais prazerosa para mim do ensaio aberto.
Depois disso chegou a
Morgana.
Depois vieram as
apresentações. Todos estavam muito nervosos; mas com o tempo foram se soltando
e creio que ficou muito bom.
Quando a mim, não sei se
fui boa. Não era eu que estava lá apresentado, mas não sei se era a Quase-Maria.
O mais complicado para todos
foi à terapia em grupo, pois as vezes esquecíamos de algumas falas.
“Mas foi divertido brincar de
casinha com todos aqueles caras. Principalmente conhecer o menino João, o
Frederico e aquele cara esquisito que não disse o nome. Acho que é um espião,
mas me parece interessante. Só não sei quando vamos “brincar de verdade”, todos
juntos. Talvez quando o Senhor Psicólouco for embora, mas seria legal se ele
brincasse com a gente também.“
Tenho que chegar até o outro lado da cidade.
Foi realmente bom hoje. Tomara
que essa lembrança seja agradável a você querido Verme quando estiver roendo
meu cérebro.
Quanto a aqueles dois lugares da frente, nunca foram ocupados.
Cartas Para o Verme.
Da direita para esquerda: Bianca Campos,Adriano Mendoza,
Dan Elias, alimento do verme, Bianca Elias,
Jonathas Vieira, Anna Carolina e Yara Ribeiro
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